"Não somos seres humanos em uma esperiência espiritual; mas sim, seres espirituais em uma experiência humana".

Resumos

Graduada em Turismo com Especialização Latu Sensu em Planejamento e Marketing de Destinos e Produtos Turísticos, pelo SENAC de Águas de São Pedro; até mudar de área de atuação, me dedicava a escrever, publicar e apresentar trabalhos em Congressos nas áreas de Turismo, Planejamento Turístico e Educação Ambiental. Esta página traz os resumos desses trabalhos publicados, para que possam ser utilizados para consulta. Sejam todos bem- vindos! Roberta De Angelis

Angelis Planejamento e Turismo- Resumos de Trabalhos Apresentados e Publicados em Congressos

"Miguelópolis: as consequências de um turismo não- planejado"

Miguelópolis: as consequências de um turismo não- planejado
Roberta Montaldi De Angelis. Faculdades Senac de Turismo e Hotelaria de Águas de São Pedro.
Aluna do curso de Pós- Graduação em Planejamento e Marketing de Destinos e Produtos Turísticos. roberta_angelis@hotmail.com
 
Introdução:
Atualmente, em nossa sociedade capitalista, na qual a obtenção de dinheiro é imprescindível à sobrevivência, o Homem tem dedicado quase todo seu tempo à ele; não sobrando- lhe tempo para o descanso, para o lazer. Por conta disso tem- se notado um aumento significativo na procura pela natureza durante o tempo livre como uma compensação pelo estresse da vida cotidiana, através do ecoturismo ou turismo ecológico, que também tem aumentado muito a alguns anos, ao mesmo tempo que os impactos negativos causados basicamente por um planejamento turístico mau elaborado ou pela inexistência do mesmo.

Objetivo:
O presente trabalho tem o objetivo de evidenciar as conseqüências causadas a uma determinada localidade devido à presença da atividade turística não- planejada, bem como as possíveis formas de minimização desses mesmos impactos; utilizando como exemplo o município de Miguelópolis.

Metodologia:
A metodologia empregada foi a aplicação de questionários de impactos sócio- ambientais a todos os moradores que trabalham diretamente com a Represa de Volta Grande e que são moradores de Miguelópolis; com a finalidade de demonstrar os efeitos da saturação na terra, no emprego, nos transportes, no meio ambiente e na própria população, bem como elencar formas para minimizá- los.

Resultados:
Pode- se entender através das respostas obtidas que, das áreas atingidas pela saturação, o meio ambiente foi o único atingido até o momento, fato extremamente grave uma vez que o turismo tornou- se a única fonte de renda para o município em questão. Áreas como os empregos e serviços básicos ainda não foram atingidos pelo Turismo segundo a população entrevistada; o que nos leva a prevenir para que não sejam; através de um planejamento turístico bem elaborado bem como de um trabalho de conscientização da população acerca da atividade turística existente e da potencial; fazendo com que os próprios moradores tornem- se fiscalizadores dos efeitos da saturação causados por um turismo desordenado e não- planejado.

Palavras- chave: Planejamento; Ecoturismo; Turismo de pesca; Impactos sócio- ambientais; Saturação.
Trabalho publicado e apresentado no VIII Encontro Nacional de Turismo com Base Local
(VIIIENTBL)- Curitiba/2004

"Turismo e Educação Ambiental: conscientização do município de Paulínia-SP, através do Projeto Meio Ambiente é Vida"


Turismo e educação ambiental: conscientização do
município de Paulínia-SP, através do Projeto Meio
Ambiente é Vida
Marina França Pereira, Roberta Montaldi De Angelis
(roberta.angelis@bol.com.br) e Henry Lesjak Martos
Faculdade de Turismo da Pontifícia Universidade Católica de
Campinas

1. Introdução
“A oferta turística natural, limitada pela riqueza da diversidade de sua beleza e pela setorização de sua utilidade, sofre agressões pela ignorância popular, que não permite às pessoas valorizar corretamente o que possuem de graça; pelo excesso de demanda desorganizada, que coloca em risco a integridade do potencial; pela crença ou esperança na inesgotabilidade dos recursos naturais, e; finalmente, pelo desinteresse dos administradores e omissão dos governantes, preocupados em construir novas obras, ao invés de preservar as grandes obras do Criador” (Andrade, 1992). Sabe-se que, segundo Castro (2000) “para tornar habitável o nosso planeta, podemos modificá-lo, mas não destruí-lo, e isso em nome de nossa própria sobrevivência, pois o homem não sobrevive sem explorar o meio, mas destruí-lo é sua própria destruição. Assim sendo, a Educação Ambiental será a arte de se estabelecer os limites entre o uso adequado e o uso predatório do nosso ambiente”. As citações feitas acima explicitam a necessidade urgente da conscientização da população para um melhor aproveitamento dos recursos naturais existentes e da organização da demanda turística nos locais onde existe uma oferta turística natural, ou seja, onde existe a possibilidade da prática do turismo; porém, sabe-se que essa conscientização e organização ainda estão longe de se tornar realidade, uma vez que o ecoturismo ainda é muitas vezes praticado como turismo de massa, em lugares sem a mínima infraestrutura necessária para suportá-lo; contrariando a própria razão do surgimento do ecoturismo.
A crescente utilização dos recursos naturais pela atividade turística pode acarretar impactos ambientais distintos, dependendo do tipo de atuação turística sobre esses componentes. Os efeitos mais importantes causados pela atividade ecoturística que poderíamos citar são: os efeitos sobre os solos e a vegetação; sobre a água e recursos hídricos e sobre a vida selvagem.
Segundo Swarbrooke (2000) o turismo tem tornado as pessoas mais informadas sobre o meio ambiente, entretanto, de forma geral, somos obrigados a concluir que o turismo, geralmente, tem um impacto negativo sobre o ambiente natural. Para que se possa conseguir um desenvolvimento sustentável é preciso que se ensine primeiro como fazê-lo, discutindo as questões ambientais e as conseqüentes transformações do conhecimento, além da necessidade da integração do ser humano com o ambiente, de modo que se transforme o quadro ambiental do país e do planeta.
Mas para que essa discussão surta o efeito desejado, deve ser feita com nossas crianças desde cedo, pois elas são ainda puras e sem “vícios”, sendo fácil ensiná-las a agir corretamente para com o meio ambiente. Conforme Sorrentino (1998) esta educação ambiental não depende só do interesse daqueles que estão aprendendo, depende muito do perfil e da forma como os educadores explicitam esta idéia.
Menezes (1996) afirma que a educação ambiental da população deve começar pelas crianças pois elas são consideradas como os agentes disseminadores mais eficazes dos novos hábitos, atitudes e conhecimentos necessários para a formação de uma nova ‘ética ecológica. Segundo esse autor, a educação ambiental com crianças pode ser trabalhada através de estudos do meio a parques públicos, tendo por finalidade fazer com que a população assumisse os espaços públicos da cidade, resultando numa tomada de consciência em relação à sua importância como participante ativa no processo de conservação do meio ambiente em que vive.
Para Reigota (1995) trata-se de uma educação que visa não só a utilização racional dos recursos naturais (para ficar só nesse exemplo), mas basicamente a participação dos cidadãos nas discussões e decisões sobre a questão ambiental. A partir disso, a educação ambiental é de extrema importância para a atividade turística, fazendo com que a população utilize os recursos naturais existentes sem causar maiores impactos ao meio ambiente.
A educação ambiental busca um novo ideário comportamental, tanto no âmbito individual quanto coletivo. Ela deve começar em casa, ganhar as praças e ruas, atingir os bairros e as periferias, evidenciar as peculiaridades regionais, apontando para o nacional e o global. Deve gerar conhecimento local sem perder de vista o global, precisa necessariamente revitalizar a pesquisa de campo, no sentido de uma participação pesquisante, que envolva pais, alunos, professores e comunidade sendo um passo fundamental para a conquista da cidadania (Oliveira, 1998).
A discussão sobre educação ambiental e sua aplicação em municípios como Paulínia, faz com que se crie uma nova consciência a respeito da importância da preservação de atrativos naturais como o Parque Ecológico, o Jardim Botânico e o Mini-Pantanal; locais estes utilizados tanto para estudos do meio quanto para lazer.
Para que essa conscientização se dissemine da melhor maneira deve ser feita desde cedo com as crianças. Fato esse, que já vem ocorrendo desde 1999 através do projeto “Comunidade e Meio Ambiente”, feito pelo Grupo Orsa, com o apoio das Secretarias da Educação e Cultura e do Desenvolvimento e Meio Ambiente, situadas no município de Paulínia.
O objetivo deste trabalho é analisar a eficácia do projeto “Comunidade e Meio Ambiente”, desenvolvido pelo Grupo Orsa, em todas as escolas do município e em algumas escolas de outros municípios da região, ou seja, avaliar se o que é passado aos alunos através de palestras ou de ações como o programa reciclando na escola é aproveitado não só no ambiente escolar, mas também fora dele.

2. Metodologia
2.1. Programa Comunidade e Meio Ambiente – Grupo Orsa
O programa Comunidade e Meio Ambiente foi criado a partir das considerações feitas pelo Grupo Orsa (grupo que atua no ramo de reciclagem e produção de embalagens de papelão) em relação à necessidade da conscientização e educação ambiental das pessoas.
De acordo com eles, como toda e qualquer educação tem maior eficácia quando aplicada com freqüência, foi decidido que o projeto iria ser trabalhado com crianças de todas as faixas etárias e seriações tanto em escolas públicas, quanto nas escolas privadas.
O principal objetivo a ser atingido com este programa é o envolvimento dos estudantes com a Educação Ambiental através da reciclagem, que é a principal atividade da empresa. Ele foi criado em 1999 e contava com a participação de 15 escolas do município de Paulínia, atingindo 7.500 alunos. Aos poucos ele foi se expandindo e
em 2002, o número de escolas beneficiadas aumentou para 60, totalizando 38.042 alunos. Além de Paulínia, outras cidades como Cosmópolis, Campinas, Sumaré, Hortolândia, Nova Odessa, Santa Bárbara D´Oeste e Americana também estão envolvidas.
2.2. Método
A metodologia empregada foi a pesquisa com abordagem qualitativa, com a aplicação de questionários a alunos de duas escolas, sendo uma pública, a Escola Estadual General Porphyrio da Paz e uma privada, o Colégio Cosmos, ambas situadas no município de Paulínia.
A pesquisa abrangeu 170 estudantes da oitava série. Decidiu- se por esta faixa etária por ser uma série de fechamento de ciclo e pelos alunos já terem tido um contato maior com o projeto. O questionamento foi feito em torno do pensamento de cada entrevistado a respeito da preservação ambiental, do trabalho desenvolvido pelo Grupo Orsa na vida cotidiana de cada um deles e qual a importância da prática da dos conhecimento sobre o ambiente para o turismo em Paulínia.

3. Resultados e Discussões
Os resultados foram analisados conforme os questionários aplicados aos alunos de 8a série. De acordo com as respostas obtidas, todos os estudantes, tanto da escola pública quanto da privada sabem o que é reciclagem e definem como sendo a separação do lixo em orgânico e reciclável para que os recicláveis sejam reaproveitados, causando menos danos a natureza. A grande maioria afirma ter aprendido sobre reciclagem na escola, e alguns recordam de terem obtido informações sobre o assunto no projeto “Meio Ambiente é Vida”, projeto este aplicado pelo Grupo Orsa em todos os colégios do município. Alguns ainda dizem que absorveram este conhecimento em casa e através da mídia. Ao serem questionados sobre o fato de terem tido ou não palestras sobre o assunto e terem ou não visitado alguma empresa que trabalhe com reciclagem, obteve-se um resultado surpreendente, uma vez que, embora a maioria já tenha visitado o Grupo Orsa, há aproximadamente três anos, não se recordam de palestras sobre o tema mencionado. Dessa forma, este dado representa uma realidade que diverge dos objetivos da empresa, já que estes são centrados na conscientização dos jovens sobre a importância em se preservar o meio ambiente.
Outro dado surpreendente ocorreu quando questionados em relação à separação do lixo em suas casas; ao relatarem que não a fazem por considerarem um esforço inútil, devido ao descaso que a própria prefeitura trata o assunto, ao colocarem nas ruas caminhões de coleta sem as respectivas repartições, fazendo com que todo o lixo seja misturado pelos lixeiros.
No entanto, os entrevistados estão cientes da importância desta pratica para o meio ambiente. Eles acreditam que a separação do lixo só traz benefícios pois além de diminuir a sujeira das ruas, parques e rios, existe um reaproveitamento dos materiais, causando menos danos a natureza e uma preservação do meio ambiente em que vivem.
Já com relação ao questionamento sobre um local a ser indicado a um visitante, as opiniões se divergiram. Em geral os alunos do Porphyrio, a escola pública, responderam que levariam algum parente para conhecer o Parque Ecológico. Já os estudantes do Cosmos, a escola privada, acreditam que o lugar mais interessante para se visitar é o Mini Pantanal. Para todos eles esses atrativos são bonitos e relativamente limpos, pois ainda são encontrados pelo chão embalagens de refrigerantes, salgadinhos e chicletes; materiais que poderiam ser reciclados.
Pode-se entender através das respostas obtidas que, se houvesse uma conscientização coletiva sobre a aplicação da Educação Ambiental nos atrativos turísticos citados no questionário, haveria um aumento na demanda de visitantes nestes locais, desenvolvendo assim o turismo ecológico no município de Paulínia.

4- Referências Bibliográficas
ANDRADE, J. V. Turismo- fundamentos e dimensões. São Paulo: Ática, 1992.
CASTRO, A.D. Psicopedagogia da Educação Ambiental. São
Paulo, 2000.
MENEZES, C. L. Desenvolvimento urbano e meio ambiente: A
experiência de Curitiba. Campinas, SP: Papirus, 1996.
OLIVEIRA, E.M. Educação Ambiental: uma possível abordagem.
Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e de Recursos Naturais
Renováveis. Brasília, DF. 1998.
REIGOTA, M. Meio ambiente e representação social. São Paulo:
Cortez, 1995.
SORRENTINO, M. Educação ambiental e universidade. In:
BARBOSA, S. R. C. S (org.). Série Divulgação Acadêmica, nº 4,
1998, p. 271-327.
SWARBROOKE, J. Turismo sustentável: conceitos e impactos
ambientais. Vol.1. São Paulo, SP: Aleph, 2000, p.78.
Trabalho publicado e apresentado no VII Encontro Nacional de Turismo com Base Local- VIIENTBL- Ilhéus/BA- 2003
Trabalho publicado e apresentado no VI Congresso de Ecologia do Brasil- Fortaleza/CE- 2003
Resumo retirado do site: www.seb-ecologia.org.br/anais/7.pdf- pg. 574-575